domingo, 30 de janeiro de 2011

A morte das estrelas

Estrelas caem a todo instante, mas só eu posso vê-las
Umas caem devagar, outras rápidas. Envergonhadas por estarem perdendo sua luz, caindo do céu assim como anjos rebeldes em meio à madrugada suja, que na visão quase deserta das ruas os olhos enxergam mendigos, e nas esquinas as putas.
As estrelas antes tão brilhantes e lindas, agora por aqui cuspindo para fora a sua luminescência terminal.
Não demorará a ser esquecida, pois em seu lugar outra já palpita.
Na mesma hora e no mesmo lugar o céu gritou de dor para expulsar de dentro da bolsa dilatada uma nova estrela, assim como a antiga, que agora jaz por aqui.
E de cá, a estrela com câncer gemia, agonizava na fraca iluminação que a se própria, despia.
Incorporando-se à terra, tornando-se terra.
Viajando para um lugar que tanto temia, escuro, frio, com germes que famintos, à esperavam.
Se antes lá do céu iluminava a terra, hoje a terra a engolia.
Lá do céu a estrela já havia sido esquecida, de cá, já sem luz e sem vida, seus olhos brancos e cegos na escuridão servia de matéria-prima para os roedores quem em meio à podridão viviam.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Decepção




Dolorosa quanto um corte que derrama sangue
Tão amarga e insensata
Quase nunca esperada,
A dor... Deve-se ao caso do inesperado,
Ou da espera que não sela com o desejo?
Do olhar que procurou outro caminho
E do caminho que os olhos não conseguiram fixar
Do apego que não quer desapegar,
Do espaço que por dentro se espalha
Da distância que se concretizou,
A dor... Que às vezes não dá para suportar,
Ego ferido? Difícil aceitar,
E ainda mais difícil é admitir que não fomos suficientes,
Que não fomos o bastante,
De nos lembrar, que nem sempre conseguiremos.
Isso dá um sacode na nossa vida...
E nos perturba também.