domingo, 26 de dezembro de 2010

Fim de ano

Ah, nesse fim de ano,
Eu quero lembrar de tudo que eu fiz,
De tudo que transformei, de tudo que mudei,
Quero lembrar as pessoas que conheci,
E que talvez eu nunca volte a vê-las,
Pessoas que plantou dentro de mim sentimentos, e que nem pude me despedi,
Foi tudo tão rápido, não tive tempo.
Foram tantos sorrisos, tanto choro, tantas confusões e paixões,
Que não dá pra esquecer.
O que me fez chorar, o que me fez sofrer,
Vou deixar virar passado, assim como verei esse ano, no ano que vem
Continuarei crescendo, mudando.
Porque nada em mim é constante, apenas a mudança.
E acho que de tanto ouvir isso, me acostumei,
Nesse ano, fortaleci amizades, perdi outras, mais a vida é assim mesmo não é?
Não se pode guardar todo mundo, como se guarda seus ursos e brinquedos de infância
Pessoas vão embora, e isso é tão triste,
Elas seguem, tomam seu rumo,
E você se torna uma lembrança... Uma pessoa do colégio, que no futuro talvez, alguém fale de você para os filhos.
Todo fim de ano, eu choro feito uma criança com saudade.
Agradeço a Deus, por mais um ano,
Lembro das pessoas que foram cedo, e delas ficam marcas que nunca morrerão.
A vida não seria tão cruel assim.
Bem nesse ano nada de votos,
Seja feliz, não perca nada, a passagem por aqui é ligeira.
Viva, nada mais.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Amor: sentimento indefinível



"Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem. Caso contrário, os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo... Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Amar, não requer conhecimento prévio... Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível."


Autor desconhecido

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Uma Maria

Hoje acordei numa manhã de céu nublado
Que com tamanhos esforços segurava nuvens grandes e pesadas
Como é de costume eu me lembrei de você
Mas de uma forma diferente, uma falta, uma saudade que se alargava dentro de meu peito.
Lembrei de tempos atrás, do seu abraço, de seus olhos doces
Dos seus vestidos floridos e de seu belo sorriso, tão alegre e bondoso
Da tua mania de querer ajudar a todos,
Da mania do povo de deixar tua casa sempre cheia.
Para te vê, para tomar um café amargo que tu fazia no fim da tarde
O teu jeito de me tirar das broncas de tua filha.
Do meu jeito de ser minha avó
De me amar...
Obrigada por me fazer essa pessoa, pela parte boa dela,
Você é parte disso,
E agora escrevendo aqui no quarto
Percebo que as nuvens cinza que antes o céu ostentava, agora despencaram
Sua falta é constante, assim como a chuva que parece não ter fim.
A saudade machuca, mas me resta uma esperança...
Porque eu sei que ainda vou te encontrar, não sei a hora, mas eu sei o lugar, sei que a senhora está bem,
Mas isso não me impede de chorar.








Em memória de Maria de Lourdes.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010



ELOGIO AO AMOR - Miguel Esteves Cardoso in Expresso

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavanderia. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão covardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casaizinhos. Para onde quer que se olhe já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. “E valê-la também.”


- Há um tempo, uma pessoa muito querida me mostrou esse texto, mas no dia eu sequer dei muita atenção, só hoje eu o peguei para lê-lo e vê quantas verdades ele ostenta.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Escape




Meu mundo é inteiro
Meu mundo é profano, nele tudo habita
Meu mundo me machuca e machuca os outros
È o clarão e a cor da meia noite
Eu me disfarço em meio à toda a frustração
Coisas invadem minha mente, domina o meu corpo, e a dor acaba.
Volta mais tarde por isso preciso de estar em casa,
Meu mundo tem homens, têm mulheres, minha mãe, minhas irmãs, têm eu mesma
Tem objetos, tem travesseiros.
A melancolia vem,e as gotas caem
Não me peça para parar,
Meu mundo me inunda, e eu perco o ar
Há uma falha na Hematose, os alvéolos param de funcionar
É forte e é fraco
Esse mundo é viciado,
Estou rodeada de pessoas, e estou só.
Mundo alterado, mundo físico, mundo abstrato
Os visitantes somem nas melhores horas
Na hora da perturbação, o lápis negro desliza rápido
Meu corpo anda cansado,
Mundo pela metade, por causa de uma falta
Sumo ,surto, volto
Quero cair, quero ir embora
O esfíncter se abre, fluxos e refluxos.
Enjôos e remédios. Nada de emoções fortes,é proibido... Dizia para mim o doutor com cara de desenho animado,
Mundo sem tempo. Sem ordem. Sem destino
Eu vou, eu volto
Escuto o barulho... É o som do relógio na sala velha.
É o som do tempo em minha cabeça confusa e louca.
Ajuda-me?
Mundo da morte, da falta de fome, sedento, mas não era de água, de amor quem sabe.
Mundo vadio, mundo desprovido
Mundo meu, de onde me despeço e me desfaço
Onde em meio às águas salgadas me despedaço.

terça-feira, 16 de novembro de 2010


Antes das onze,
Mesmo sem sono, fui deitar
Apesar do calor incessante, lá fora chovia. Pelas brechas das janelas a chuva entrava, corria pela parede que já estava gélida e úmida.
E eu de cá, escutava o barulho da chuva, com eisley
Queria que o sono viesse, mas nem sinal dele.
Levantei e fui pro chuveiro, a água quente me incomodava, mudei para o frio... Sai logo depois.
Voltei pra cama, pensava numa porção de coisas, pessoas, histórias.
Fiquei na frente do espelho, não... Isso não é uma raridade
Fiquei lá por um tempo... Sai, desejei entorpecentes. Eu estava mal.
Tive um dia bem cansativo, não vi ninguém conhecido, conheci algumas pessoas de um novo grupo de qual agora eu participo.
Caos, alucinação, enjôos, calor.
Os remédios tardavam para fazer efeito, não... Não eram os entorpecentes que eu desejava outrora.
A fumaça do incenso estava mais forte, lembrei de uma amiga minha que fumava,
Deu saudade, quis vê-la.
Queria ver um bocado de gente, que eu nunca mais tinha visto, nem sei se voltarei a ver
E isso me incomodava
Mas pra minha surpresa, a esta altura, meus olhos já estavam cansados, meu corpo pesado e minha mente queriam descansar.
O sono havia chegado
E já era tarde, nem tinha percebido... Mas muito tempo tinha passado desde às onze.

Era uma vez...
Uma menina indecisa
Que queria muitas coisas
Que não estavam no mesmo caminho, e por isso
Não sabia aonde ia, mas sabia muito bem o queria... E era muito.
As pessoas não a entendiam, mas ela tratava de se acostumar
Afinal, ela também precisava acostumar-se a si mesma.
Muitas pessoas pensavam de uma forma pequena, e isso as diferenciava de dorah,
Pelo menos era o que ela achava.
Sentia falta dos tempos que se foram... Aqueles que nunca voltariam
Naquele tempo a vida não era levada a serio, não por ela, não havia tantas responsabilidades.
Será que era mais sincero? Mais verdadeiro talvez?
Hoje havia dor
Era saudade, amor perdido, paixões... Que sempre machucavam Dorah.
Mas ela sempre tinha uma saída... Ela tinha um mundo só dela.
E Não venha me perguntar como,
Dorah era diferente das outras meninas, ela era especial.
E as dores não entravam no mundo dela, elas não tinham entrada, nem passaporte.
Dorah não permitia... Não aceitava, ela sofria, ela amava, ela cantava como todas as meninas, mas não era igual.
Às vezes ela escrevia, mesmo sabendo que ninguém leria, mas era uma forma de por pra fora o que estava dentro,
Quando o sono chegava, olhava a lua pela janela do quarto. Quando o céu estava nublado, olhava o movimento das nuvens,
Ela vivia em dois mundos... Um deles eu conheço.
Mas com essa dor que tenho em meu peito, o outro... Eu nunca poderei conhecê-lo.
Porque as dores, nunca entrariam por lá.

domingo, 19 de setembro de 2010


E eu me agarro às esperanças
Com medo de cair do alto,
Onde meus sonhos me levaram
De tão grandes que são
Sinto-me só... Penso em desistir
Mas sei que não posso fraquejar.
Mesmo sabendo que às vezes ninguém pode me ajudar.
Sumiram será?
Talvez apareçam se eu os chamar...
Mas o medo do alto está dentro de mim.
E o pior, eu não consigo tirá-lo,
Não sei se posso ter me acostumado.
Onde estou? Estou só?
Não vejo as pessoas ao meu lado.
São muito ligeiras, muito passageiras.
Lá embaixo é tão distante... Seria a realidade?
Só em imaginar, surge uma dor
Mas nisso eu não posso acreditar.
Por que se eu perder as esperanças... Em que eu vou me segurar?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Meio


De ir, de vir
De comunicar-se, de apressar-se
Meio de pedir para esquecer, o que não pode ser esquecido
Porque ir até o fim, é mais sólido é mais seguro.
Viver no mundo dos “meios”, é estático, é parado, é cinza.
Medo de me acostumar a uma vida morna, e achar que tudo aquilo “é o melhor”.
Ou não, achar aquilo um inferno e não ter coragem de mudar.
Medo ou covardia? Não se sabe.
Meio me faz lembrar, quase, e o quase me lembra metade,
Metade daquilo que não conseguiu ser inteiro, ou que nunca poderia ser completo.
É triste.
O extremo é algo muito longe, é perigoso, é proibido e pode machucar.
E não é que não seja verdade. Mais isso é vida, e a vida não pára, ela é veloz.
Se quiser defender a sua vida morna? Á vontade
Mais se pergunte depois... Se isso realmente é vida.

domingo, 12 de setembro de 2010

Viagem





O meu espírito tentava sair do meu corpo
Eu podia sentir, mesmo estando acordada
Os sons me faziam desprender de tudo.
Eu sentia que voltava pro meu mundo
E uma certeza me acertava... Eu não sou só matéria
Um sacolejo, Dois sacolejos, meu espírito quer sair, mas
Meu corpo indolente não permite. Essa malemolência me agita,
Me deixa criativa, eu sigo o canto, meu coração o segue também
As palavras se calam na boca, o corpo se meche, as letras deslizam,
Os pensamentos se libertam,
Para um lugar do bem, bem longe daqui.

sábado, 11 de setembro de 2010


Quando criança, daquelas que brincavam no quintal de casa, usando vestido rodado e duas tranças na cabeça,
Adorava bonecas, cores, bolos e doces, gostava de ir para casa da vovó comer chocolate e brincar com a terra, assistia desenhos todas as manhas, assim que chegava da escola... Onde a esperada hora do recreio era esgotada no parquinho, no sobe- e- desce da gangorra, e no girar da ciranda de roda.
Ciranda essa que rodou junto com o tempo, mudando e aumentando a pequena menina que hoje já é quase mulher. Que não tem a mesma casa para brincar no quintal, os desenhos? Não são mais os mesmos, são sem graça para ela, a casa da vovó hoje é o céu, e dela ficou um monte de lembranças, e um amor que nunca acaba. Ursinhos de pelúcia perderam sua atenção, para esmaltes, cremes e pentes.
E é uma pena, é doloroso saber que não pode voltar que as mudanças são constantes e que sair da infância, é só uma delas, e que muitas ainda virão. Mudando-nos, nos transformando, nos fazendo sofrer, chorar, sorrir. Pessoas amadas partirão, outras virão, ganharemos amigos, perderemos outros, um ciclo que não acabará, enquanto seu coração bater.