sexta-feira, 22 de novembro de 2013


Vinde os pássaros negros,
Que do canto de lá traziam consigo
Cantavam o canto da morte nos dias de perigo.
Noutro tempo, longe deste
Sob a luz que refletia nos olhos
Corria desnuda
Queimava-lhe as curvas
Ardente.
Era fogo, era chama, era proibido.
O fogo quebrava violentamente o escuro, o rasgava, o abria, pedia espaço.
Da madeira que alimentavam o fogo, corria a seiva,
O branco virava rosa mesclado com o sangue.
Gritos ecoavam no ar, e os gritos viravam matéria.
Balbuciava coisas, palavras antigas
Do outro lado os pássaros... ouviam-se  seus cantos.
Rodeavam o carrasco, batiam quase em partida.
A morte espiava do escuro.
Enquanto a fumaça das chamas mesclava com tom de guerra a praça.
Vinde os pássaros negros, que de outro tempo vinham entoar
A morte faziam companhia e a música cantar.
Por trás da veste escura, se despontava,
O povo já não estava
As chamas já tinham feito o trabalho.
A música ao fundo parava de ecoar, as cinzas da carne sopravam no ar.
Com Adagas, cortou a corta que prendia os pulsos.
Deram- nas todas a mão de bom grado.
E perdiam-se de vista em outros tempos.
Vinde, os pássaros negros que do outro lado vinham
Cantando o canto da morte,
Que com tristeza trazia consigo

Anunciando a morte nos dias de perigo.

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